Cancão, Malazarte e Trupizupe

Cancão, Malazarte e Trupizupe
Praça central da cidade de Jacaraú

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Carta de João Pessoa

Reunidos no “1º encontro para reflexão do Teatro de Rua do Nordeste”, ocorrido nos dias 22, 23 e 24 de outubro de 2010, na cidade de João Pessoa – Paraíba, evento promovido pelo Grupo “Quem Tem Boca é Pra Gritar”, com a participação dos grupos de teatro de rua dos estados nordestinos, que ao término da presente Carta subscrevem-na, passam a deliberar e consignar o que abaixo segue:
Entendendo a necessidade de fortalecimento do teatro de rua do nordeste, comungamos a criação de um movimento de articulação para integração de todos que atuam na cena na rua, denominado “Fazedores de Teatro de Rua do Nordeste”.
Tendo em vista a constante política de “burocratização” dos equipamentos públicos – praças, logradouros e vias públicas, que algumas prefeituras estabeleceram e que dificulta o acesso ao fazer cultural, propomos o encaminhamento desta Carta para o Ministério Público a fim de que sejam tomadas as providências cabíveis para que o direito constitucional à Cultura, inerente a todos cidadãos, seja cumprido e para tanto seja firmado um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta.
Buscando a sustentabilidade dos “Fazedores de Teatro de Rua do Nordeste“ e o fomento de políticas públicas para rua, entendemos que os editais devem ter parâmetros igualitários quanto aos valores destinados, bem como, dentro dos editais da esfera federal sejam restauradas as cotas por Estados; e que nas esferas estaduais e municipais sejam criados editais específicos para rua, destinado-se cotas, também especificas, para circo, teatro e dança. Outrossim, entendemos que após lançados os editais e os projetos aprovados seja, veementemente, proibida a alteração de valores e readequação unilateral.
Visto as dificuldades enfrentadas para a realização do “Festival de Teatro de Rua do Recife” promovido pelo “Movimento de Teatro popular de Pernambuco” esta carta deixa deliberado o apoio irrestrito ao mesmo e reitera a importância do festival para o teatro de Rua do Brasil.
No 1º Encontro para Reflexão do Teatro de Rua do Nordeste ficou estabelecido o empenho constante dos participantes comprometendo-se os mesmos com o cumprimento do que fora aqui estabelecido, bem como com o intercâmbio entre si e junto à Rede Brasileira de Teatro de Rua visando o fortalecimento constante das ações, garantindo a liberdade do fazer, respeitando-se ideologias políticas, estéticas, formas, expressões e éticas diversas inerentes à cena.
Foi aceita a proposta do grupo “O Pessoal do Tarará” para que o próximo encontro seja no mês de janeiro de 2011 na cidade de Mossoró – RN.

Fazedores participantes:

Associação Teatral Joana Gajuru – Maceió -AL
Alegria Alegria – Natal - RN
Cia de Circo de Teatro lua Crescente – João Pessoa – PB
Grupo de Teatro Quem Tem Boca é Pra Gritar – João Pessoa – PB
Grupo Teatro de Caretas – Fortaleza - CE
Associação de Teatro de Olinda – PE
Gaio - PE
Ifhá – Rodhá – D´art – Negra – Olinda – PE
Locomotiva de Teatro – João Pessoa - PB
Mamulengo da Folia – Brasil
Núcleo de Pesquisadores de Teatro de Rua
O Pessoal do Tarará – Mossoró – RN


João Pessoa, 24 de outubro de 2010.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Programação do 1º Encontro para reflexão do Teatro de Rua do Nordeste

Datas em que acontecerá: 22, 23 e 24 de Outubro

Dia 22 (sexta feira)
Local: Ponto de Cem Reis
17h:00 - Abertura Oficial do Encontro
Convidados e patrocinadores
Das 18h:00 às 19h:30
Jantar
Das 19h: 30 às 22h: 00
Abertura dos trabalhos no Galpão Usina de Arte
• 1º parte do “Panorama e apresentação dos representantes dos grupos”

Dia 23 (sábado)– Manhã
Local: Galpão Usina de Arte
Das 08h: 00 às11h: 00
• 2º parte do “Panorama e apresentação dos representantes dos grupos”


12h: 00
• Almoço
Dia 23 (sábado)– Tarde
Local: Galpão Usina de Arte
Das 14h: 00 às 18h: 00
• Debate:
Perspectivas do Teatro de Rua no Nordeste

Das 18h: 00 às 20h: 00
Jantar
Dia – 23 (sábado) - Noite
Local: Teatro do Sesi
as 18h:30
Lançamento dos livros: TEATRO DE RUA NO BRASIL de Licko Turle – RJ e Joana Gajuru 15 anos-memórias dos filhos de Joana - AL
• Programação cultural
Dia 24 (domingo)– Manhã
Das 08h: 00 às 12h: 00
• Elaboração da carta com metas e decisões para os próximos Encontros
Das 12h: 00 às14h: 00
Almoço


As 15h: 00
• Espetáculo: No dia em que Judas foi traído
• Grupo: GRUTA - PB
Local: Feirinha de Tambaú

Grupos colaboradores
Núcleo de Pesquisadores de Teatro de Rua, Joana Gajuru, Mamulengo da Folia, O Pessoal do Tarará, Alegria Alegria, Gruta, Lua Crescente, Osfodidario, Associação de Teatro de Olinda, Gaia, Ifhá-Rodhá-D’art-Negra de Olinda, Teatro de Caretas, João Fernandes, Locomotiva.

1º Encontro para Reflexão de Teatro de Rua do Nordeste - Contexto

Ao longo de décadas o Nordeste do Brasil foi e, ainda é, fruto de descriminação e preconceito por parte dos grandes centros, principalmente do sudeste do país. Esse comportamento se reflete no que diz respeito à concentração e volume de projetos culturais beneficiados por editais nacionais, bem como na tentativa de minimizar a produção intelectual nordestina fazendo parecer que só em “centros urbanos privilegiados” como Rio de Janeiro e São Paulo é possível o desenvolvimento pleno do homem, numa tentativa de negar a importância da arte produzida no nordeste, fazendo parecer uma “coisa menor” e sem a devida qualidade.
É nesse contexto que estamos propondo uma atuação unida das forças artísticas nordestinas, no sentido de desmistificar esses conceitos, não só com a extraordinária qualidade dos espetáculos realizados pelos grupos aqui existentes, que por si só, dão respostas de forma inquestionável pelo país a fora, mas, principalmente pela construção de um canal de escoamento coletivo das necessidades, questões e reflexões dessa produção.
Propiciar esse Encontro é sem sombra de dúvidas um passo por demais significativo na busca incessante da construção de uma possibilidade de igualdade entre os estados no carrear de recursos, e, principalmente, num mergulho cada vez mais profundo de nós, fazedores do teatro de rua do nordeste nos mistérios encantadores e infinitos do fazer teatral.

Percebendo o surgimento cada vez mais freqüente de grupos de teatro que tem na estética da “rua” sua opção de trabalho, o grupo de teatro “QUEM TEM BOCA É PRA GRITAR” em parceria com o GRUPO DE TEATRO BIGORNA chegou à conclusão ser da maior importância um encontro dos “fazedores” dessa modalidade de teatro onde poderemos refletir nosso fazer, meios de produção, e forma de organização, fazendo uma reflexão de como cada grupo se organiza desde o treinamento, a escolha do texto até a relação com órgãos governamentais. Nesse encontro pretendemos não só refletir sobre as questões do “grupo”, mas produzir um debate sobre os editais de cultura e formular o que estamos chamando de “Carta dos Fazedores de Teatro de Rua do Nordeste” documento com resultado dos debates realizados, e propostas para os organizadores de festivais de teatro, secretarias de cultura, fundações de cultura e governos municipais, estaduais e federais. Esse encontro tem como objetivo criar uma rede permanente de contatos, trocas e reivindicações dos grupos de teatro de rua do nordeste. Estabelecer uma pauta que atenda as necessidades destes grupos, bem como movimentar o centro histórico da cidade de João Pessoa. Propiciar que artistas de rua do nordeste tenham contato com outras experiências através da troca de vivências entre os fazedores de teatro de realidades diferentes. Produzir documentos que contenham as necessidades gerais e reivindicações que sejam anseio da maioria desses grupos, terminando por criar uma rede permanente de troca de saberes e de ação política entre os grupos.
O encontro para reflexão do teatro de rua do nordeste, está sendo patrocinado pela Funjope – Fundação de Cultura de João Pessoa – com apoio do SEBRAE.
Evento: 1º Encontro Para Reflexão do Teatro de Rua do Nordeste
Dias: 22, 23 e 24 de Outubro de 2010
Local de Realização: Galpão Usina de Arte (Galpão do Quem Tem Boca é Pra Gritar)
Na Rua Ladeira São Pedro Gonçalves Nº 69 – Varadouro (Ao lado do Hotel Globo)
Promoção Grupo de teatro Quem Tem Boca é Pra Gritar e Grupo de Teatro Bigorna.
Patrocino: Fundação de Cultura de João Pessoa – FUNJOPE
Apoio: SEBRAE

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

1º Encontro para reflexão do Teatro de Rua do Nordeste

O “Grupo de Teatro Quem Tem Boca é Pra Gritar” da Paraíba está organizando o “1º Encontro para reflexão do Teatro de Rua do Nordeste”. Como havíamos informado anteriormente, este evento terá como objetivo principal a formação de uma rede de grupos que estarão sempre em contato discutindo questões do dia a dia do fazer teatral. No encontro será elaborada uma Carta que represente os grupos de Teatro de Rua do Nordeste, a fim de fortalecer os mesmos diante das políticas públicas de cultura, entre outros projetos que contemplem o campo das artes cênicas. Como meio de acompanhar os debates e, considerando sua importância para os estudos dos assuntos que o encontro contempla, teremos como convidada especial nossa sempre companheira Rosyanne Trotta da UNIRIO.
O evento se realizará durante os dias 22, 23 e 24 de Outubro de 2010 na cidade de João Pessoa onde o grupo está sediado. Com muita garra e crença na nossa proposta fomos em busca de apoios para que o encontro fosse viabilizado e conseguimos até o presente momento, junto à Prefeitura Municipal de João Pessoa através de sua Fundação de Cultura parte da verba que precisamos para realizar o evento.
Nossa proposta é que o encontro aconteça no Centro Histórico da capital. Será disponibilizado para o representante do grupo que vier para o evento: hospedagem (diária da sexta (22/10) ao domingo (24/10)) e alimentação (café, almoço e jantar do sábado (23/10); café e almoço do domingo (24/10)). A contrapartida do representante para participar do encontro será seu transporte da cidade de origem até o local do evento e seu retorno.
Queremos que todos os Estados do Nordeste estejam presentes, assim pedimos que os grupos interessados em participar enviem, com urgência, a confirmação da participação no evento, pois temos um número limitado de participantes e precisamos dar continuidade aos preparativos. É muito importante que no email de confirmação os grupos enviem os seguintes dados: nome do grupo e cidade onde reside.
OBS¹: Paralelamente ao “1º Encontro para reflexão do Teatro de Rua do Nordeste” estará acontecendo na cidade o “Outubro do Teatro” um evento promovido pela Funjope (Fundação Cultural de João Pessoa) cujo organizador do setor de Teatro é Nanego Lira. Os grupos que se interessarem em participar do “Outubro do Teatro” enviem um email para o seguinte endereço lucenalira@gmail.com com materiais de peças que tenham para apresentar, pois a programação está sendo montada.
OBS²: Não é proibida a participação de representantes de outros estados do País que queiram participar do evento, porém os custos de hospedagem e alimentação não poderão ser cobertos pela organização do evento.

Grupo de Teatro Quem Tem Boca é pra Gritar

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

03/08/2010
O papel do diretor

Durante o turno da manhã concentramos as discussões nos principais pontos abordados do Capítulo III do Paradoxo do Teatro de Grupo. Começamos destacando uma das colocações que Trotta (1999) faz quando fala sobre o papel do diretor dentro das organizações de grupo. Segundo a autora, em 99% dos casos o diretor do espetáculo é o mesmo que lidera o grupo, ou pelo menos assume esse nome. Relembrando a história do “Quem tem boca” percebemos que foi mais ou menos assim durante sua existência, mas algumas vezes o grupo optou por convidar diretores de fora. Dentro destas discussões chegamos a nos perguntar qual o limite entre direção coletiva e direção individual? Será que é realmente possível haver uma direção individual quando se trabalha em forma de grupo? Se pensarmos somente sob o viés da criação estética pode ser que sim, mas quando trata-se da elaboração de cenas, improvisações, fica difícil destacar a separação entre trabalho coletivo e individual. Através de reflexões chegamos a um ponto em que todos concordaram ser importante ter um diretor (a) que veja de fora o trabalho que está sendo feito em cena, principalmente pela dificuldade que existe por parte dos atores-criadores quando estão “mergulhados” no momento da criação em ver o que realmente está acontecendo. Para Humberto, as direções coletivas são falhas e em sua grande maioria não acontecem por que alguém sempre acaba tomando o “poder” da criação. Uma opinião colocada por ele, mas que não se delongou muito visto que não tínhamos embasamento necessário para falar sobre tais processos, achamos melhor passar para o próximo assunto.

As escolhas!

Instigados pelas argumentações feitas por Rosyane Trotta, falando mais uma vez em limites, nos perguntávamos se há dissociação entre pesquisa individual e coletiva. Colocamos que por um lado podemos ter “pontes” que unam o que o indivíduo e o grupo almejam, isso seria unir o útil ao agradável. Por outro há a possibilidade de haver um desligamento entre ambos os lados, onde o integrante tem sua participação dentro e fora do grupo, não obrigatoriamente focando nas mesmas áreas. Essa discussão nos tomaram bastante tempo, pois sentimos que era complicado estabelecer essas diretrizes de forma tão radical. Existem dois fatores, segundo o que discutimos, que devem ser levados em consideração: o tempo de convivência e o comprometimento individual. Um é igualmente proporcional ao outro, por isso é uma decisão a ser tomada a longo prazo, dependendo assim de grupo para grupo. Podemos dizer que quanto maior for o tempo e a dedicação do integrante dentro do grupo mais definido será seu papel dentro deste coletivo, podendo ou não assemelhar-se às suas pesquisas individuais.
Durante o trabalho da tarde confeccionamos algumas máscaras neutras que estavam faltando e demos continuidade ao projeto do BNB que também tinha pendências a concluir. À noite fizemos o trabalho com a máscara neutra guiado por mim e Mirtthya. Antes de começar o alongamento Mimi propôs uma dinâmica onde cada um do círculo cantava um trecho de uma música, a primeira que viesse à mente, e depois todos cantavam juntos. Depois do alongamento, puxado por mim, começamos a trabalhar com as variações de desequilíbrio já vistas no outro ensaio. Dentre elas estavam: “minhocar”; desequilíbrio espontâneo; desequilíbrio partindo de focos em partes diferentes do corpo. Em seguida fizemos o mesmo exercício do foco numa dinâmica diferente onde um objeto (bola) era sempre o foco e nós tínhamos que variar nossas intenções com relação a este mesmo. Foi um aquecimento bem aproveitado que não fugiu da temática que estávamos tratando.
Partimos para o trabalho com a máscara neutra, quem começou foi Papa (João Paulo) e apesar de ter tomado um tempo longo para fazer o experimento ele se utilizou de várias desconstruções do corpo que me fizeram como espectadora acreditar que havia uma eficiência no “tornar-se uma folha em branco”. Um dos fatores que mais contribuíram para que o trabalho com a máscara não funcionasse tanto foi a triangulação, que apesar de feita foi pouco aproveitada e isso causa um desinteresse inevitável da parte de quem está assistindo. Percebi que Papa estava entendendo mais o intuito do exercício quando já o estava fazendo há um longo tempo, por isso tivemos que tocar o sino do triângulo anunciando o fim. Cleiton, segundo o que eu pude perceber, conseguiu explorar bem a desconstrução dos membros, mas assim como Papa triangulou pouco suas descobertas. A máscara neutra passa essa necessidade, quase que imprescindível, de mostrar, exibir o que está sendo feito, mesmo que não pareça muito interessante. Uma das etapas bem aproveitadas por Cleiton foi o “levantar-se”, pois ele conseguiu pesquisar seus apoios sem a ansiedade de ficar logo de pé da forma mais previsível, como a maioria vinha fazendo. Acredito que esses momentos que nos chamam atenção são os que mais revelam a veracidade com que o trabalho está sendo feito, pois se nada nos surpreende quer dizer que já conhecemos e dominamos as movimentações e ações de quem está executando o exercício, e esse não é definitivamente seu propósito. Maicon foi o último da noite a fazer a experiência e de uma forma geral ele trabalhou bem as descobertas, a questão dos apoios para sentar, ficar de pé. Ele teve paciência de descobrir primeiro os braços e depois as pernas, o que com os outros não tinha acontecido. Apesar de não ser ainda pedido nessa fase da experimentação ele deu importância aos sons externos. Mais uma vez a triangulação não foi bem feita de forma que prendesse a atenção dos espectadores. Enfim, percebemos que precisamos investir mais nesse trabalho, principalmente no que diz respeito a sua precisão. Além disso, devemos procurar fazer o link entre o que está sendo trabalhado no aquecimento (como o caso do FOCO) e a parte da criação. A importância e complexidade da máscara está em transportar o foco dela para onde quer que seja, sem perder a neutralidade do movimento.

Cecília Lauritzen

terça-feira, 27 de julho de 2010

Máscara Neutra - Treinamento

Maycon Nascimento

Hoje foi meu primeiro dia como estagiário do Quem Tem Boca. Uma experiência de muito aprendizado. Mirtthya e Cecília orientaram o trabalho, começando por um alongamento simples e, logo após, Mirtthya executou exercícios de desequilíbrio, no qual, tínhamos que buscar o equilíbrio através do plexo. Logo em seguida trabalhamos com a máscara neutra, que tem como objetivo deixar o ator neutro, livre de toda informação já adquirida até então, e descobrir o próprio corpo de forma espontânea. Lembrando ainda, da técnica de triangulação que consiste em chamar a atenção da platéia através da máscara focando no ponto a ser mostrado e voltando-se a platéia, novamente.

Treinamento com máscara neutra

Por Joelson Topete
Quando um ator se envolve em um experimento com uma máscara branca que é chamada de máscara neutra, ele renasce com a finalidade de se auto descobrir. Outra maneira de atuar com o seu corpo.
Máscara Neutra + Ator = Inexplicável

Máscara Neutra - Treinamento

Por Cleiton Teixeira

A máscara neutra dá vida ao corpo que automaticamente faz com que este dê expressão ao rosto, mesmo este sendo só uma máscara branca.
O ator é outro ser quando coloca a máscara, uma vez que a expressão do corpo muda, e através dos movimentos o corpo ganha uma nova vida.
A máscara neutra dá uma nova vida ao corpo e as intenções do ator, fazendo assim um novo despertar.

Sobre o Treinamento com Máscara Neutra

Por Ademilton Barros

Iniciamos com um alongamento coletivo ministrado por Cecília e Mirtthya. Em seguida foram realizados exercícios de desequilíbrio.
A partir daí, principiamos o exercício com a máscara neutra, onde o primeiro passo é deixar todo o seu corpo e mente neutros, iniciando assim, a cerimônia de colocar a máscara.
A sensação é de, realmente, estar neutro sem vontade de sorrir ou até mesmo de chorar, e sim, de descobrir o seu próprio corpo, onde até então era desconhecido. Como a sensação de uma criança recém nascida descobrindo o mundo onde tudo é novo.
Em seguida fizemos uma roda de conversas para discutirmos as sensações e observações de quem estava fazendo e o que sentira, e de quem estava observando.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Fabricando máscaras - negativo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O treinamento do ator, uma visão para a rua

O trabalho de conclusão de curso entitulado "Teatro de rua e o trabalho do ator" foi produzido recentemente com o intuito de investigar a prática do teatro de rua e as especificidades do trabalho do ator que se esforça por trabalhar neste meio. Aqui deixo este post, assim como outros que virão, que fala sobre o treinamento do ator, conceito fundamentado por Eugenio Barba e propício, segundo minha pesquisa, para o trabalho de rua.


O treinamento como filosofia

Teatro é corpo, corpo que representa a vida da cena.


Estudaremos o treinamento com base nas principais características, apontadas anteriormente, que o ator de rua necessita trabalhar. Para Barba (1994) o treinamento do ator tem o objetivo de criar uma reconfiguração no seu corpo no que diz respeito às suas tensões. Para ele neste processo há dois fatores, um objetivo e um subjetivo.

• Fator objetivo: autodisciplina, rigor, exercícios, constância.
• Fator subjetivo: temperatura interior, motivação pessoal - a necessidade única do ator.

Para Barba (1994) o treinamento do ator é tão significativo que ele buscou, a partir da criação da Antropologia Teatral, entender os diferentes princípios, dos diversos tipos de teatro que se faz em vários continentes. Nos treinamentos propostos por Barba as influências são muitas, estão presentes: as acrobacias e a biomecânica, desafiando o ator a superar seus medos da queda e da dor; princípios da ioga e do t’ai chi chuan , na precisão das posturas e dos deslocamentos.
Os exercícios de treinamento corporal dependem do objetivo com que estão sendo feitos. Então podemos dizer que não existe uma forma única de fazer este treinamento, devemos primeiro pensar: Qual o corpo que eu necessito ter? Qual a energia que será necessária para executar tal representação? Quais exercícios se enquadram melhor para que durante o desenvolvimento possamos alcançar tal finalidade?
Porém, existem alguns princípios corporais básicos que geralmente são seguidos para o treinamento do corpo. Grotowski apud Aslan (2005) propunha um treinamento que partia de um alongamento, onde o ator deveria procurar relacionar seus movimentos com os do outro ou com um objeto, de forma a não deixá-los vazios. Algumas posições da ioga poderiam ajudar a alcançar o equilíbrio da coluna vertebral e ao ator encontrar-se no espaço. Para Grotowski o corpo do ator deve ser utilizado de forma a se tornar um espaço onde todas as possibilidades são possíveis. Ele também propunha o cansaço físico como uma alternativa onde o ator estaria tão fora de si que representaria com mais autenticidade, pois teria quebrado as resistências da mente. Para se chegar a este nível de cansaço físico uma série de exercícios corporais eram propostos, para que depois a cena fosse criada. Acreditamos que mais do que seguir os mesmos exercícios propostos por Grotowski, o ator de rua deve ter como guia as suas idéias de preparar o corpo do ator para ser disponível em todas as situações que ele for colocado.
Segundo Aslan (2005), no caso do Living Theatre, o preparo físico era baseado na teoria de que quanto mais o ator desenvolve suas capacidades corporais e gestuais mais ele reafirma sua presença cênica e sua relação torna-se mais verdadeira com o espectador. O treinamento era feito de forma muito disciplinada e ao mesmo tempo o ator ficava livre para improvisar o que quisesse, desde que não se perdesse do todo, da unidade do grupo. Aslan (2005) diz que a ioga, o happening, e os exercícios desenvolvidos por Chaikin (improvisação corporal em dupla ou em grupo) do Open Theatre serviam de base para a atuação e desenvoltura dos atores. O que nos chama atenção no treinamento deste grupo para o caso do estudo do teatro de rua é a construção da sua unidade. Através da organização em forma de grupo, onde o trabalho contínuo é possível, o Living conseguia conduzir seu treinamento de forma disciplinada proporcionando ao ator um material “sólido” para sua atuação. Esse fortalecimento do trabalho do ator pelo viés da continuidade dentro do grupo é, em nossa opinião, um dos caminhos melhor estruturados para o trabalho de rua.

Cecília Lauritzen

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Identidade do Grupo por Rosyane Trotta

A Identidade

“Desde que se decidiu pelo teatro de rua, o grupo Quem Tem Boca é Pra Gritar sentiu a necessidade de estabelecer um acampo de pesquisa capaz de fornecer material para seu crescimento, objetivo para o trabalho ou, como eles dizem, “um fio para puxar”. Por se tratar de um grupo, uma proposta de continuidade, este fio precisava alimentar não um único espetáculo, mas um teatro, englobando tudo o que há entre um ensaio e uma apresentação, um texto e uma linguagem.

A trajetória do grupo mostra uma coerência estética orientada pelo enraizamento cultural e pela pesquisa que os atores empreendem no campo da interpretação. Os elementos culturais que os circundam são estudos produzidos em ritmo, corpo e jogo teatral. A continuidade deste processo de assimilação criativa fez com que o grupo formasse uma espécie de lente pela qual olha e aborda todas as influências externas.

Muitos desses elementos estavam presentes na memória dos atores, em sua formação. Humberto Lopes lembra da mala que onde a avó alimentava e mantinha duas cobras pretas, protetoras da casa contra as cobras venenosas e contra os ratos. Quando uma mulher da família estava amamentando, a avó fechava a mala a noite porque, segundo ela, as cobras gostavam do leite e havia casos em que iam mamar nas mulheres.

Pesquisando as festas populares, o grupo de deparou com um material vasto e nem sempre acessível. Indo em vilas mais distantes, procurando as origens dos rituais, descobriu que o xaxado nasceu da lavoura quando, com a enxada, os camponeses ‘xaxavam’ o feijão: com um dos pés afastavam o mato para um lado e depois para p outro, cortando rente ao broto.

A pesquisa, em sala de trabalho, se concentrou nos ritmos e na postura física. O deslocamento do eixo do corpo no coco de roda, nos guerreiros de maracatu, no mestre de pista, na argolinha, as nuances rítmicas do xaxado, do xote, do baião, que têm como base o forró, dançado no chão de terra batida com tronco até o dia amanhecer.

Em todas estas veredas, o Quem Tem Boca é Pra Gritar não está em busca nem de um resgate cultural nem de uma técnica de interpretação. O que o grupo tem como objetivo pode ser chamado de ‘verdade’, que para os atores não significa ilusão mas, antes, identidade.”

Rosyane Trotta

Escrito entre 1993 e 1994 quando Rosyane esteve estudando o Grupo e escrevendo sua dissertação de mestrado.

Jornal União

Jornal UNIÃO

Quem tem boca é pra gritar
Imprimir E-mail
03 de fevereiro de 2010

O espetáculo ‘Cancão, Malazarte e Trupizupe’ será encenado, hoje, em Pedras de Fogo. O texto é de Bráulio Tavares e a direção é de Humberto Lopes, com montagem do grupo Quem Tem Boca é Pra Gritar. A apresentação será na Praça da Mangueira, a partir das 19h.

A manifestação artística de maneira geral proporciona ao homem uma busca de suas origens, de seu equilíbrio, de seu papel individual e social. Há mais de 20 anos os atores do "Quem Tem Boca é Pra Gritar" estudam, pesquisam e elaboram técnicas que possibilitam a encenação do chamado "Teatro de Rua".

O "Quem Tem Boca é Pra Gritar" é um grupo de teatro que procura na estética da rua base para sua encenação. Oriundo de Campina Grande, e hoje com sede em João Pessoa o grupo já participou de festivais importantes no país, recebendo prêmios e críticas elogiosas por onde passou. A base da preparação do ator do Quem Tem Boca é Pra Gritar está fundamentada no deslocamento do eixo do corpo no coco de roda, nos guerreiros do maracatu, nos princípios da energia e do vigor do Cavalo-Marinho entre outros elementos da cultura popular, música, técnicas de circo e estudos teóricos.

O espetáculo

O princípio da ação corporal é de fundamental importância para o trabalho do ator. É o alicerce de sua linguagem artística o que faz com que o ator transforme o seu corpo, o seu gesto, em poesia fazendo-o perceber através do contato com um treinamento específico, gradativamente, as possibilidades dos movimentos, do esforço muscular e da circulação de energia necessária para a transformação do movimento em ação.

O princípio desse desafiador e instigante processo de pesquisa que moveu o grupo, no sentido de nos alimentarmos de alguns estudiosos como Dário Fo, Lecoq estudando o cômico desses trabalhos e principalmente a relação delas com o nosso fazer teatral. Iniciamos com o Fo, passando pelo cinema de Fellini, os estudos de Rudolf Laban e desaguando nas nossas manifestações populares, mais fortemente no Cavalo-Marinho.

Todo esse processo exigiu dos atores, muita dedicação, paciência, e vontade de construir personagens influenciados pela junção do que há de mais contemporâneo nas pesquisas e buscas dessa construção, com uma cultura de raízes profundas que são nossos folguedos.

editoração: júnior damasceno

Fenart

Quem Tem Boca no Fenart (Festival Nacional de Artes)!
dia 27, no Teatro de Arena, as 18h

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cancão, Malazarte e Trupizupe, na Praça da Paz, no Bancários, dia 16 de maio as 18:00h, não percam!
Só faltam duas apresentações para acabar essa primeira temporada!