Cancão, Malazarte e Trupizupe

Cancão, Malazarte e Trupizupe
Praça central da cidade de Jacaraú

sexta-feira, 14 de março de 2014

Quem Tem Boca é Pra Gritar - Fevereiro 2014





Por Ademilton Barros

Esta comunicação vem apresentar um apanhado de acontecimentos do mês de fevereiro, do corrente ano das atividades do grupo de teatro Quem Tem Boca é Pra Gritar. O mesmo, será divido em dois momentos, no primeiro farei um apontamento em linhas gerais dos acontecidos, já no segundo e último tentarei abrir uma discussão sobre o trabalho de construção das músicas para o novo processo de montagem do espetáculo intitulado “Shakespeare com suco de laranja”.

O projeto Cine Por do Sol continua em funcionamento, quinzenalmente nas quintas feiras (nas 2ª e 4ª semanas) e está sendo um sucesso. Neste mês, se realizou um evento em especial que foi um bloco carnavalesco organizado pelo Quem Tem Boca, denominado “MENOR CORTEJO DO MUNDO”, que tem por finalidade reunir os amigos do grupo e dos componentes na semana previa do carnaval e comemorar o mesmo com um baile “Eita Saudade!” de características saudosistas, com o tradicional mela-mela, banho de mangueira e marchinhas tradicionais antigas, e por fim um cortejo que saiu da sede, desceu e subiu a ladeira São Pedro Gonçalves, fazendo do percurso jus ao nome do bloco.

Com relação ao novo processo de montagem do espetáculo “Shakespeare com Suco de Laranja”, entramos no segundo módulo do trabalho que é a dramaturgia, neste, estamos sendo acompanhados pelo ator, diretor, dramaturgo e professor da Universidade Federal da Paraíba Everaldo Vasconcelos.

“É preciso amadurecer a não procura da música, mas partir da musica para a expressividade sonora”. (LOPES, 2014)


O trabalho musical está sendo direcionado pelo ator, músico e componente do grupo Cleiton Teixeira, que está trazendo uma forma diferente, desconhecida pelo grupo, de construção musical, que seguiu a seguinte estrutura: cada pessoa escolhia uma palavra; Dividia a palavra (divisão silábica), exemplo com a palavra arroz (ar – roz); depois dessa divisão emprega-se a cada silaba uma variante entre agudo, médio e grave, tomando ainda como exemplo a palavra arroz, “ar” pronuncia-se agudo e o “roz” grave; todos juntos de forma sequenciada íamos pronunciando as palavra com suas devidas divisões e variações de altura, a partir daí já se percebe uma pré construção de melodia indefinida, por não obedecer uma forma linear de execução; A partir dessa palavra agrega-se outras, transformando-a em frase, ex: pra comer com arroz. Seguindo o mesmo princípio da variação de altura, só que desta vez empregada na frase. Em seguida fizemos a transposição desta melodia, a princípio vocal, para o instrumento e tentamos desenvolver uma forma própria de anotação desta música. Segue a baixo as primeiras palavras utilizadas e depois formatadas em frases:



                                 
Edital                                     Eu vi o edital       
Feijão                                    Comendo feijão
Porta                                     abrí à porta
Cuscuz                                  e fiz um cuscuz
Arroz                                    pra comer com arroz 




Esta formatação da música, se é que podemos chamar com esse termo, pois segundo o site Que Conceito revela que Com a palavra música designamos aquela arte de organizar de modo sensível e com lógica a combinação coerente de silêncios e sons utilizando como parâmetros reitores para levar a cabo e com sucesso tal atividade” [1]. O que podemos extrair deste conceito é apenas o ícone organização dos sons. A princípio chamamos de “Anti-música”, por não obedecer às normas existentes na construção musical, pois essa terminologia se aproxima da nossa proposta, partindo da ideia de Caio Caos colocado no blog “Reflexões terroristas e dadaístas” diz que “Anti-música é uma ideologia na qual se encaixam artistas que utilizam de barulhos e improvisação para se expressar musicalmente” [2].

Na verdade o que estamos buscando para construção dessa musicalidade ultrapassa essa ideia de anti-música, bebendo em várias fontes, à exemplo de John Cage, que foi um dos pioneiros da música aleatória e do uso de instrumentos não convencionais, até influências da própria música formalizada de Geraldo Azevedo, passando ainda pelas decafônias do Arrigo Barnabé e a própria música renascentista, sendo quase impossível tratar de uma obra de Shakespeare sem remeter a música da época (século XVI). Todo esse turbilhão de informações e de influências que buscamos, irá resultar numa “Caosfônia” termo desenvolvido pelo grupo e proposto por Humberto Lopes.












[2] Disponível em http://terrorismoporpaz.blogspot.com.br/2011/01/anti-musica.html acessado em 07/03/2014 às 14h30min.