Cancão, Malazarte e Trupizupe

Cancão, Malazarte e Trupizupe
Praça central da cidade de Jacaraú

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Preparando um suco

Por Mirtia Guimarães

Desde que comecei a estudar teatro tinha desejo de montar alguma peça de Shakespeare, primeiro por ser um clássico da literatura teatral e segundo por achar suas peças atraentes e muito dinâmicas. Ficava imaginando um Shakespeare sendo montado na rua, porque já acreditava que suas peças tinha tudo a ver com o universo da rua, sim por saber que este autor é também popular, e que seus textos brincam muito com o imaginário de quem está lendo, me trazendo a possibilidade de ousar comparar com a nossa cultura nordestina, onde os contadores de história, os emboladores de coco, os artistas de rua e até mesmos nossos avôs que também brincam e exploram este imaginário popular através de suas histórias encantadas. 

Para minha felicidade e satisfação vamos comemorar os 25 anos do grupo com um Shakespeare, a ideia não é montar uma obra deste, mas experimentar o universo shakespeariano na sua linguagem cômica. À priori vamos trabalhar com dois textos: “Sonho de uma Noite de Verão” e a “Tempestade”. O propósito é lermos e improvisar a partir deles.

Relendo os textos pude perceber quanta possibilidade podemos explorá-lo na rua, observo que nos dois existem elementos parecidos como a presença das hierarquias, dos personagens fantásticos, dos elementos lúdicos e cômicos que são bem similares. Vejo no “Sonho de uma noite de verão” muitas imagens para ação propriamente dita, o que não fica muito claro na “Tempestade”, não sei se por causa dos longos diálogos, porém neste são mais intensas as imagens fotográficas, os desenhos que a cena pode trazer.

 Mas essa ideia se desmanchou quando experimentamos as improvisações, as ações foram melhores executadas quando fizemos a “Tempestade” as intenções estavam mais claras e tivemos muita facilidade de criar o desenho da cena. Também me senti melhor, mais à vontade. Acredito também que o “sonho de uma noite...” não tenha sido tão feliz por ter sido o primeiro, não estávamos entendendo direito o que queríamos. Porém esta é apenas uma impressão que fico deste primeiro contato físico com as obras.

O projeto está fluindo de uma forma muito generosa e delicada. Sinto muito prazer em poder experimentar estas possibilidades, também percebo esta leveza dos meus companheiros de trabalho. Percebo muita satisfação de todos e muita vontade de realizar este trabalho da melhor forma, e o mais importante é que estamos nos divertindo. Literalmente está nascendo, pois este é um processo que está profundamente mergulhado em nós mesmo, em nossas experiências e nossas histórias vivenciadas, escutados ou contadas por nós.

Um comentário:

  1. vão com tudo, galera! vai ser show esse projeto e o espetáculo! tou com vocês sempre. beijão!

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