Cancão, Malazarte e Trupizupe

Cancão, Malazarte e Trupizupe
Praça central da cidade de Jacaraú

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Identidade do Grupo por Rosyane Trotta

A Identidade

“Desde que se decidiu pelo teatro de rua, o grupo Quem Tem Boca é Pra Gritar sentiu a necessidade de estabelecer um acampo de pesquisa capaz de fornecer material para seu crescimento, objetivo para o trabalho ou, como eles dizem, “um fio para puxar”. Por se tratar de um grupo, uma proposta de continuidade, este fio precisava alimentar não um único espetáculo, mas um teatro, englobando tudo o que há entre um ensaio e uma apresentação, um texto e uma linguagem.

A trajetória do grupo mostra uma coerência estética orientada pelo enraizamento cultural e pela pesquisa que os atores empreendem no campo da interpretação. Os elementos culturais que os circundam são estudos produzidos em ritmo, corpo e jogo teatral. A continuidade deste processo de assimilação criativa fez com que o grupo formasse uma espécie de lente pela qual olha e aborda todas as influências externas.

Muitos desses elementos estavam presentes na memória dos atores, em sua formação. Humberto Lopes lembra da mala que onde a avó alimentava e mantinha duas cobras pretas, protetoras da casa contra as cobras venenosas e contra os ratos. Quando uma mulher da família estava amamentando, a avó fechava a mala a noite porque, segundo ela, as cobras gostavam do leite e havia casos em que iam mamar nas mulheres.

Pesquisando as festas populares, o grupo de deparou com um material vasto e nem sempre acessível. Indo em vilas mais distantes, procurando as origens dos rituais, descobriu que o xaxado nasceu da lavoura quando, com a enxada, os camponeses ‘xaxavam’ o feijão: com um dos pés afastavam o mato para um lado e depois para p outro, cortando rente ao broto.

A pesquisa, em sala de trabalho, se concentrou nos ritmos e na postura física. O deslocamento do eixo do corpo no coco de roda, nos guerreiros de maracatu, no mestre de pista, na argolinha, as nuances rítmicas do xaxado, do xote, do baião, que têm como base o forró, dançado no chão de terra batida com tronco até o dia amanhecer.

Em todas estas veredas, o Quem Tem Boca é Pra Gritar não está em busca nem de um resgate cultural nem de uma técnica de interpretação. O que o grupo tem como objetivo pode ser chamado de ‘verdade’, que para os atores não significa ilusão mas, antes, identidade.”

Rosyane Trotta

Escrito entre 1993 e 1994 quando Rosyane esteve estudando o Grupo e escrevendo sua dissertação de mestrado.

Jornal União

Jornal UNIÃO

Quem tem boca é pra gritar
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03 de fevereiro de 2010

O espetáculo ‘Cancão, Malazarte e Trupizupe’ será encenado, hoje, em Pedras de Fogo. O texto é de Bráulio Tavares e a direção é de Humberto Lopes, com montagem do grupo Quem Tem Boca é Pra Gritar. A apresentação será na Praça da Mangueira, a partir das 19h.

A manifestação artística de maneira geral proporciona ao homem uma busca de suas origens, de seu equilíbrio, de seu papel individual e social. Há mais de 20 anos os atores do "Quem Tem Boca é Pra Gritar" estudam, pesquisam e elaboram técnicas que possibilitam a encenação do chamado "Teatro de Rua".

O "Quem Tem Boca é Pra Gritar" é um grupo de teatro que procura na estética da rua base para sua encenação. Oriundo de Campina Grande, e hoje com sede em João Pessoa o grupo já participou de festivais importantes no país, recebendo prêmios e críticas elogiosas por onde passou. A base da preparação do ator do Quem Tem Boca é Pra Gritar está fundamentada no deslocamento do eixo do corpo no coco de roda, nos guerreiros do maracatu, nos princípios da energia e do vigor do Cavalo-Marinho entre outros elementos da cultura popular, música, técnicas de circo e estudos teóricos.

O espetáculo

O princípio da ação corporal é de fundamental importância para o trabalho do ator. É o alicerce de sua linguagem artística o que faz com que o ator transforme o seu corpo, o seu gesto, em poesia fazendo-o perceber através do contato com um treinamento específico, gradativamente, as possibilidades dos movimentos, do esforço muscular e da circulação de energia necessária para a transformação do movimento em ação.

O princípio desse desafiador e instigante processo de pesquisa que moveu o grupo, no sentido de nos alimentarmos de alguns estudiosos como Dário Fo, Lecoq estudando o cômico desses trabalhos e principalmente a relação delas com o nosso fazer teatral. Iniciamos com o Fo, passando pelo cinema de Fellini, os estudos de Rudolf Laban e desaguando nas nossas manifestações populares, mais fortemente no Cavalo-Marinho.

Todo esse processo exigiu dos atores, muita dedicação, paciência, e vontade de construir personagens influenciados pela junção do que há de mais contemporâneo nas pesquisas e buscas dessa construção, com uma cultura de raízes profundas que são nossos folguedos.

editoração: júnior damasceno

Fenart

Quem Tem Boca no Fenart (Festival Nacional de Artes)!
dia 27, no Teatro de Arena, as 18h

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cancão, Malazarte e Trupizupe, na Praça da Paz, no Bancários, dia 16 de maio as 18:00h, não percam!
Só faltam duas apresentações para acabar essa primeira temporada!